Melhor idade
Luiz Felipe Pondé em sua obra “Os Dez Mandamentos (+ um)” traz interessante colocação acerca dos
idosos.
“... A
modernidade finca suas raízes na crença de que nossos antepassados eram guiados
pela ignorância e por superstições, já que a eles faltava o conhecimento
científico (essa é, aliás, a causa da brutal desvalorização moderna do passado
e dos idosos, apesar de tentarmos negá-la com ideias ridículas, como “a melhor
idade”. ...”
O texto acima, personalíssimo, revela um ponto específico dos
problemas da terceira idade e, por extensão, dos idosos de maneira genérica, o
desconhecimento acerca de nossa realidade e esse desconhecimento não é
exclusividade dos mandatários do país mas, também, dos idosos e se traduz no
conformismo com que são aceitas ideias, situações e proposituras absurdas, que
são absorvidas diariamente, desde o relacionamento familiar, na comunidade e no
emprego.
Das estatísticas oficiais, que não podem ser contestadas pelos
governantes, temos que os idosos, hoje, já são em maior número que as crianças
de 0 a 6 anos de idade. Em cerca de 10 anos nossa população será maior que a
dos infantes e dos adolescentes com até 14 anos de idade e, no andar da
carruagem, os idosos serão a maior parte da população em cerca de 30 anos.
O processo de inflexão das curvas não é fenômeno novo e resulta no
envelhecimento de um país. Na Suécia esse processo teve um ciclo de 50 anos,
período em que ocorreram adaptações legais, tributárias, entre outras, para o
devido enfrentamento de uma situação irreversível.
Tal processo é objeto de estudos há mais de 50 anos, podendo ser
conhecido se observarmos os cuidados e as ações tomadas por países como o Japão
e a Suécia para tratar com dignidade os idosos. As ações envolvem um operante e
eficiente sistema de saúde pública e políticas voltadas para o planejamento de
atividades que visem a efetiva inclusão social do idoso.
A motivação para tais políticas é por demais simples, o
envelhecimento é parte do ciclo de vida e traz consigo uma série de situações
desfavoráveis para a saúde do idoso, isso resulta que o idoso custa mais, em
termos de saúde, para o Estado. Simples e objetivo. Assim, para que os custos
sejam menores, há a necessidade de que o sistema oficial busque alternativas
para a melhoria da qualidade de vida do idoso.
O Brasil, como sempre, é um caso à parte. A situação existente é
fruto da ação de uma série de fatores, entre eles o descaso oficial e o ciclo
com duração muito mais curta, cerca de 30 anos, inexistência de políticas
públicas eficientes desaguaram na baixíssima remuneração na aposentadoria e na falência
do sistema de saúde e de previdência.
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